Boavista

A Boavista é a ilha de Cabo Verde que se encontra mais próxima do continente africano, dele distando uns 567 Km; e faz parte do Grupo do Barlavento, junto com as ilhas do Sal e de Maio. Detém uma superfície de 620 km2 e uma altitude máxima de 390 m, no Monte Estância. A capital, Sal Rei, situa-se na região noroeste, frente à qual existe um pequeno ilhéu de 1,8 km de comprido por 0,7 km de largo, chamado Ilhéu de Sal Rei. O relevo desta ilha é bastante plano, com destaque para os grandes sistemas dunares e as extensas praias, ambos formados por areias organogénicas. Existem, também, vastas superfícies ocupadas por planícies do tipo terroso e pedregoso e alguns montes e picos que sobressaem na paisagem, tais como o Monte Estância, Rocha Estância ou de Povoação Velha e o Monte de Santo António. No litoral, as únicas arribas dignas de nota encontram-se entre a Praia da Fátima e a Ponta do Sol, e junto de Morro Negro, embora não desçam a pique até ao mar e apresentem na base uma plataforma plana seja de escoadas lávicas que, na altura das erupções, avançaram mar dentro seja de acumulações sedimentares posteriores. As praias arenosas mais extensas são as de Curralinho ou de Santa Mónica, no lado Sul, e Costa de Boa Esperança, na zona norte, com cerca de 13 e 11 km de comprido, respectivamente.

Em relação ao clima, a aridez e a elevada insolação são a tónica na Boavista, onde as precipitações anuais não superam os 275 mm, havendo anos em que quase não chove. Contrastando com esta situação, quando aqui chegam as chuvas de monção mais ou menos intensas, a paisagem transforma-se e, durante umas semanas, a ilha parece um jardim e a água corre pelas “ribeiras”, habitualmente secas. A este respeito, é preciso acrescentar que o único enclave que conta, de forma permanente, com água doce ou salobra é a Ribeira de Água ou Lagoa de Rabil, além do chamado “Olhinho de Mar”, situado na zona montanhosa oriental.

A população actual da Boavista é de 9.162 habitantes (Censo de 2010), mais do dobro da existente no ano 2000, sendo, junto com o Sal, a ilha que apresenta o crescimento populacional mais intenso das últimas décadas. Este facto não é casual, dado que a Boavista e o Sal são as ilhas onde a actividade turística se tem vindo a desenvolver de forma mais intensa, atraindo, por isso, pessoas do resto do arquipélago e do continente africano, como também, em menor quantidade, de outras latitudes. A economia da Boavista está a transformar-se rapidamente, passando do sector primário (agricultura, criação de gado e pesca) ao sector terciário (turismo e serviços) em apenas duas décadas, ainda que se mantenha a prática da agricultura – maioritariamente de sequeiro –, a pesca e, em menor grau, a criação de gado. O turismo diversificou a economia local, propiciando a criação de centros de mergulho e de pesca desportiva de altura, assim como a oferta de outros desportos náuticos e de ar livre.

A história desta ilha está marcada, tal como a das restantes ilhas de Cabo Verde, pelos graves períodos de fome sofridos pela população, em consequência das frequentes secas que, desde sempre, afectaram o arquipélago. Esta situação motivou uma elevada taxa de mortalidade (especialmente entre o século XVIII e finais do XIX) e a emigração forçada para outras ilhas com melhores condições de vida, como o Fogo e São Nicolau.
Entre as actividades económicas do passado destaca-se a exploração de depósitos calcários para extracção de cal; a extracção de argila destinada à olaria; a exploração de sal marinho nas salinas de Sal Rei e uma pequena indústria de conserva de peixe.

Como facto histórico singular, realçamos o caso do navio mercante espanhol, “Cabo de Santa Maria”, que encalhou na Costa da Boa Esperança, no ano de 1968, cujos restos ainda hoje são visíveis.
Actualmente, a paisagem e as actividades tradicionais estão a mudar de forma radical, fruto das novas instalações hoteleiras em enclaves como Sal Rei, Praia das Chaves e na zona oeste de Curral Velho. Também se construiu um novo aeroporto internacional e a rede de estradas tem vindo a melhorar pouco a pouco. Este panorama indica que a população insular e o número de turistas tendem a crescer exponencialmente.

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